quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A IGREJA E O REINO DE DEUS


É notável em nossos dias o aparecimento de várias igrejas em todos os lugares por onde passamos, todas estas com nomes dos mais variados. A maioria surge a partir de uma suposta “visão enviada por Deus” aos líderes com o propósito não muito definido. Dizer que foi Deus quem disse é fácil, porém se realmente foi fica ao julgamento da consciência de cada um deles. Mas o que chama a minha atenção é que estes fogem a um propósito vital da igreja, isto é, o reino de Deus, algo que deveria ser prioritário, mas que se torna secundário. Devido a isso gostaria de relevar esta questão de forma resumida: O que é o reino de Deus? Para entendermos melhor o que significa reino de Deus vejamos a definição de George E. Ladd:

“O reino é primeiramente o governo dinâmico ou o domínio real de Deus e, derivando dessa idéia, a esfera na qual o domínio é experimentado. Na linguagem bíblica, o reino não é identificado com os seus súditos. Eles são o povo do domínio de Deus que adentram o reino, nele vivem, e por ele são governados. A igreja é a comunidade do reino, mas nunca o reino em si. Os discípulos de Jesus pertencem ao reino assim como o reino pertencem a eles; todavia, eles não são o reino. O reino é o domínio de Deus; a igreja é uma sociedade de homens.” ( pg. 111).

Sendo assim podemos entender que a igreja não é o reino de Deus, mas a proclamadora do reino de Deus. Esta deve ser a única e objetiva visão da igreja, o reino. Podemos entender o reino de Deus como a soberania de Deus sendo uma realidade presente quanto futura, por isso há uma relação próxima entre o reino e a igreja, quanto mais a igreja proclama o reino mais pessoas virão para a igreja e assim entregarão suas vidas ao domínio de Deus, e isso acontece devido a ação regeneradora do Espírito Santo no coração do pecador. Como nos ensina o apóstolo Paulo em Colossenses 1.13. “Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado”. Isto acontece a todo aquele que se deixa dominar pelo reino de Deus.
Desta forma a igreja tem a missão de proclamar o reino, ela não pode se calar e deixar que os padrões do mundo se estabeleçam e se alarguem dentro de si. É de vital necessidade pregar a mensagem de arrependimento (Mateus 4.17), de transformação real e permanente e não mensagens que estimulam a mudança financeira e o bem estar, algo totalmente pragmático e egoísta, que não expõe o pecado. Pregasse sobre prosperidade, sobre conquistas, sobre como alcançar um futuro brilhante, como ser bem sucedido. Porém o próprio Cristo nos ensina: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam". (Mateus 6.19-20). E ainda mais “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. Isto realmente é incoerente para muitos, pois nos dias em que vivemos estão trocando o que é eterno pelo que é temporal, trocam o real pela ilusão. Porém o que deve ser pregado é a transformação de caráter, vida de intimidade com Deus, devoção pessoal, santificação.
Não é mais momento de obscurecer a verdadeira mensagem, é hora de expô-la a luz, para que em nossos dias o reino das trevas não prevaleça, pois a cada dia, a cada momento o reino das trevas tem mostrado suas garras com toda a força enquanto que a igreja de Cristo tem se preocupado com sua própria existência e sua estrutura interna.
A igreja tem de proclamar o reino e lutar pelos princípios bíblicos, não temendo o que possa acontecer, pois a Palavra de Deus nos diz que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja de Cristo (Mateus 16.18). Resgatemos os valores do reino de Deus e não o reino material. Não podemos nos preocupar em agradar os ouvintes com pregações fantasmagóricas, onde se leva o público a crer em coisas que jamais acontecerão em sua vidas. É nosso dever como cristãos verdadeiros hastear a verdadeira bandeira do evangelho do reino, pois este sim transforma e restaura a vida do perdido e leva-o a viver sob o domínio do reino de Deus. (Mateus 6.21-34).
Toda a igreja que foge a proclamação do reino torna a sua existência ineficaz, e passa a subsistir em si mesma. Que possamos realmente buscar viver o reino de Deus e proclamá-lo. Certamente não encontraremos uma igreja perfeita, mas é possível encontrar uma igreja que tem compromisso com o reino de Deus de forma verdadeira e não superficial.
Que os líderes eclesiásticos possam realmente resgatar este objetivo para o qual a igreja existe, em dias onde a mensagem é totalmente pragmática, egoísta e motivacional. Não é fácil vivermos a proclamar o reino de Deus num mundo onde a preocupação e prioridades são outras, porém somos os embaixadores deste reino e devemos assumir tal responsabilidade. Deus é conosco!!!

FiQuE Na PaZ De JeSuS
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Bibliografia

GRUDEN, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
Bíblia N.V.I de estudo
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003.

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