quarta-feira, 2 de junho de 2010

Existe profeta nos dias de hoje?


Antes de respondermos a questão, se faz necessário entender, de forma resumida a definição do termo profeta no Antigo e Novo Testamento; para exatamente exemplificar qual a função dos profetas nos dias de hoje, desmitificando algumas divergências em relação a tal função nos nossos dias.
No Antigo Testamento, existem três vocábulos hebraicos principais para profeta. Começando pelo primeiro termo, navi, que significa o ato de designar alguém como Arauto. Neste sentido o primeiro termo usado para profeta tinha como papel proclamar, anunciar. O primeiro homem a ser chamado de profeta (navi) foi Abraão (Gênesis 20.7) e posteriormente Moisés (Deut 18.15).
O segundo termo hebraico para profeta é ish elohim, homem de Deus. Este termo é mostrado como uma pessoa de confiança de Deus e as pessoas vêem isso na sua vida. Não é um título auto-denominado, onde a pessoa aplica a si mesmo como sendo um homem de Deus, para gloriar-se. Era um reconhecimento das pessoas para com o profeta. A sua apresentação como profeta era seu caráter.
O terceiro termo para profeta é demonstrado por duas palavras ro’eh e hozeh, as duas se intercambiam no uso e ambas tem o sentido de vidente. Todos os profetas eram chamados por Deus para exercer tal função não era uma escolha própria.
Depois de entender o termo profeta no Antigo Testamento, faz-se necessário entender também a função da profecia, antes de descrever a função do profeta no Novo Testamento. Segundo o escritor Gleason Archer, existem quatro funções básicas da profecia entre os hebreus.
1) O profeta tinha a responsabilidade de encorajar o povo de Deus a confiar de forma exclusiva em sua graça e poder. 2) O profeta tinha a responsabilidade de avisar ao povo que sua segurança dependia de fidelidade à aliança. 3) O profeta devia encorajar Israel quanto às coisas futuras. 4) A profecia era autêntica em termos de previsão, quando se cumpria. Todos estes aspectos juntos definiam o profeta no Antigo Testamento.
No Novo Testamento encontramos profetas na Igreja e a profecia é mostrada como sendo um dom. O contexto do Novo Testamento difere do Antigo Testamento e também é diferente até dos nossos dias. Temos um profeta que prediz o que aconteceria com Paulo (At 21.11,12) e depois profetiza uma grave fome no Império Romano (At 11.27-30), mas a base de tudo isto, é: “A igreja está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas” (Ef 2.20), eles eram a voz de Deus naquele momento da igreja. Existe profeta nos dias de hoje? A resposta é sim, mas a voz de Deus hoje é a Bíblia, o profeta então, deve saber interpretá-la e deve saber comunicá-la, nunca ultrapassá-la ou acrescentar mais coisas. Toda e qualquer revelação devem estar igualadas ao ensino das Escrituras. Não deve se pensar que ser profeta nos dias de hoje é igual aos profetas do Antigo Testamento, é bem diferente. O oficio do profeta hoje está abalizado em I Coríntios 14.4b “aquele que profetiza edifica a igreja”, isto é, sendo um edificador da igreja como um todo.
O grande problema nos nossos dias é que o termo “profeta” tem perdido muito o seu significado bíblico dentro de muitas igrejas. Ser profeta hoje é Status, é tido como uma pessoa extremamente especial, de um alto nível de espiritualidade. Mas a questão é que as mensagens proferidas por estes por muitas vezes são “sem pé, nem cabeça”, profetizam coisas óbvias, algo que qualquer pessoa poderia dizer a outrem, não é algo especifico, íntimo em que só a pessoa tem conhecimento. E desta forma são taxados como pessoas espirituais e íntimas com Deus, mas espiritualidade não está ligada ao fato de falar em línguas ou profetizar, mas sim ao fato de ter uma vida de caráter em tudo que se faz, vivendo a Palavra no dia a dia e não somente em momentos específicos.
Outro fator que devemos entender é que ser profeta não é possessão espírita. O profeta é um homem que esta em posse de suas faculdades intelectivas, tem consciência do que está fazendo. Não é possuído por uma entidade fora de si, como se fosse um médium. Ser tomado pelo Espírito Santo não invalida a pessoalidade. “o espírito dos profetas está sujeito ao controle dos profetas; porque Deus não é Deus de desordem, mas sim de paz” (I Cor 14.32-33). Ser um homem de Deus não quer dizer que não é preciso estudar, refletir, amadurecer e crescer de forma espiritual e no estudo teológico.
Outra situação trágica que faz parte de nossa realidade é o culto a personalidade. Os profetas se tornam o centro do culto e a igreja o público, como em um show a espera do astro. Porém o centro do culto deve ser Deus e nada mais (Salmo 100).
Muitas são as nomenclaturas criadas para estas pessoas, como estas que certamente você ouviu alguma vez; O “santo homem de Deus”, “o homem de palavra poderosa”, “o homem cheio de Deus”. Eles enchem as telas da televisão, as rádios divulgando ensinos extra-bíblicos de forma vergonhosa e abusiva. Tudo o que dizem é uma “verdade de Deus”, exaltam a si mesmos e usam sempre a mesma terminologia, “Deus está me dizendo”, quem vai dizer que não, pois se denominam cheios do poder de Deus e os outros são meramente carnais.
É preciso ter cuidado pois, o que mais tem se levantado nestes dias são “falsos profetas” que prometam “mundos e fundos”, usando o nome de Deus, mas não sendo usados por Deus.
O que deve aproveitar de tudo isso, é que se você quer ser um profeta de Deus, que o seja de forma verdadeira, lutando e expressando toda a sua força pregando a “Verdade”, mas qual verdade?, A única e absoluta, A Palavra de Deus, como o apóstolo Paulo disse: “Ai de mim, se não pregar o evangelho” (I Cor 9.16). Seja leal a verdade, pois sua vida é para a glória de Deus e não glória pessoal buscando ser reconhecido (I Cor 10.31). Deixe Deus aparecer na sua vida, e então as igrejas não ficaram cheias de pessoas vazias, mas sim pessoas cheias de Deus e edificadas.

Graça e Paz

Bibliografia utilizada
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Ética dos profetas para hoje. Ed. Êxodus. São Paulo, 1997.
DOUGLAS, J.D. O Novo Dicionário da Bíblia. Ed. Vida Nova. São Paulo, 1997.
ARCHER, Gleason L. Junior. Merece confiança o Antigo Testamento?. Ed. Vida Nova. São Paulo, 1984.

Um comentário:

  1. A Paz do Senhor Jesus seja sempre em nossas vidas!

    Amados, a importância da palavra de Deus e os ensinamentos de Jesus Cristo nos Evangelhos, não traz confusão, mas, sim, edificação. Um crescimento espiritual transcendente! Portanto, a PESSOA DO PROFETA nos dias atuais não existe (Lc 16:16). O que deveras existe é a PROFECIA. Isso, sim, está dentro dos padrões bíblicos, pois, Jesus não designou PROFETAS e sim, APOSTOLOS, os quais foram autênticos pregadores da palavra de Deus, com a determinação DIVINA: IDE E PREGAI O EVANGELHO À TODO MUNDO... A interpretação sobre o abalizamento suscitado em I Co 14: 4b não guarda relação com a pessoa do profeta, mas, com o "VERBO PROFETIZAR", e, isso está para todos os que fielmente acreditam que Jesus já veio, morreu e em gloria e majestade RESSUSCITOU! O versículo 5 do Cap. 14 de Lucas é bem explícito, vejamos: "E eu quero que "TODOS" vós faleis em línguas... mas muito mais que PROFETIZEIS... Veja que o verbo PROFETIZAR no texto não é designativo de PROFETA, mas que TODOS profetizem, pois os profetas e a lei vieram até João Batista. O que na verdade hodiernamente existe é a PROFECIA DO DEUS VIVO. Onde existe a PESSOA DO PROFETA nos dias atuais, só pode haver dissensões, muitas coisas destorcidas e confusão dentro da igreja e entre irmãos. Se os profetas ainda existem, então Jesus Cristo ainda não veio, pois os profetas de Deus e por Deus escolhidos, tiveram seu tempo e PROPÓSITO CUMPRIDOS. Assim, Jesus se derramou na Cruz por todos nós, por isso tudo se encerrou N'Ele, inclusive a LEI E OS PROFETAS. AMÉM!!!

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